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É difícil explicar como eu me sinto. Quando eu olho pra trás e penso em tudo que vivi nesses meses, eu quase me sinto uma nova pessoa. Apesar disso, não pareço diferente do que sempre fui.

Minha mente entra em espirais. Ao mesmo tempo que quero conquistar o mundo, não sei como fazer isso. Ou o porquê. A cada nova palavra que ouço de alguém, eu acredito. Porque eu quero me sentir compreendida, vista e amada. Mas também quero me fechar atrás de uma coleção de muros e me esconder em um canto escuro.

Quando sinto o afeto de uma figura confortável e familiar passando a mão em meus cabelos, conversando comigo através do carinho, minha vontade é deitar no ombro dela. E falar tudo que eu penso, e chorar tudo que segurei ao longo da vida. Mas eu congelo, não consigo reagir.

Não sei lidar com um afeto dessa maneira, tão diferente do inverno frio e distante. Esse último, tão natural em minha vida. Mas é um calor agradável, ele aparece como uma lareira e um chocolate quente.

Esses dias, minha amiga me disse que eu era uma rocha por fora, e sentimental por dentro. Porque eu fui obrigada a descobrir como me defender. E é verdade, não é a minha primeira vez ouvindo tal observação. Mas eu tenho medo que, se houver uma rachadura, vai criar uma cachoeira.

Vai inundar, quebrar minha armadura.

E não vai mais parar de vazar. Às vezes mar, outras goteira, talvez um riacho. Mas nunca mais uma pedra, sólida.
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Acho que faz uma semana que eu não leio um livro de ficção. Comecei um e não curti, falei pra mim mesma que ia abandonar. Li por cima o que ia acontecer pelos comentários do Skoob e avaliei se valia a pena continuar. Ou se deveria abandonar de vez.

Pensei, bom, melhor abandonar do que deixar uma leitura ruim acabar com a minha vontade de ler. Pois então. Não abandonei, não comecei outro, não terminei ele. Só empaquei.

E eu dei a desculpa de que estava gripada. Para tudo que eu parei nesse meio tempo. O que não deixa de ser verdade, mas também não é a verdade completa.

No fundo, é confortável ter um motivo para estar sempre cansada — e não me esforçar tanto para esconder isso. Não precisar esconder, porque qualquer um consegue compreender o cansaço de uma gripe.

Mas compreender o desânimo intrínseco, o cansaço extra de escondê-lo e a vontade de largar muita coisa para ficar na minha cama... Esse já não é tão simples assim.
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Existem momentos em que eu sinto vontade de escrever. Mas escrever de verdade, para que outras pessoas leiam.

O curioso é que isso começou depois que algumas pessoas me perguntaram se eu não tinha vontade. Até então, eu nunca tinha pensado nisso.

Apesar do meu gosto por revisão, copy e leitura (essa última pode sumir a qualquer momento), não quero estragar outro hobbie.

Até alguém dizer que posso ser boa nisso.

Mas a questão, então, é se realmente foi um desejo intrínseco que aflorou agora, porque eu tenho contato direto com os livros, os textos e o tal do marketing de conteúdo.

Ou foi só uma influência extrínseca, conduzida por uma aprovação externa.

Pode ser, ainda, um desejo baseado na quantidade de livros que ando lendo. Uma paixão que despertou novamente — apesar não ser tão ardente assim.

É mais uma vontade de produzir algo, exercitar o cérebro e ter algo para se orgulhar.
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Às vezes eu fico confusa no meu próprio corpo.

Eu noto pequenos detalhes, como os tendões da minha mão aparentes, minha bochecha mais fina devido ao fim da adolescência e a minha panturrilha sofrendo os efeitos de treinar duas vezes por semana.

Ao mesmo tempo, ainda continho com as mesmas inseguranças. Os dedos das minhas mãos, meus braços e um inchaço eterno no abdômen. Algumas dessas coisas nem me incomodavam antes, mas agora parecem obstáculos constantes na minha autoestima.

Às vezes eu esqueço. Se eu coloco uma roupa que eu gosto muito ou consigo fazer uma maquiagem que condiz com o meu humor atual, esses detalhes são apenas isso: detalhes.

Mas eu saí do trilho. Voltando à confusão.

Eu noto os pequenos detalhes, percebo as mudanças que a academia trouxe e começo a encontrar os primeiros sinais de um corpo saudável e em movimento.

Mas também existem momentos que eu me olho no espelho e me vejo com 14 anos, com um corpo deixado de lado, sem esforço pra algum dia me sentir melhor nele. Eu não sou mais assim. Eu acho.

Ou talvez eu seja uma mistura das duas, com traços que mudaram e outros que continuaram iguais.

Mas será?

E eu me olho no espelho de novo. E de novo. E mais uma vez. Só para ter certeza que ainda sou eu. Só para ter certeza que a imagem de antes, é a mesma de agora.

Nem sempre é.

Às vezes eu reparo um detalhe diferente. Vejo algo que não tinha percebido antes. Ou olho de novo e sinto que está diferente — mas como eu vou ter certeza?

E eu tento encontrar fotos minhas do passado, na esperança que vou ter alguma resposta. Reparo nesses detalhes. A curva do meu braço era a mesma? Meu dedo da mão sempre teve esse mesmo formato? Eu engordei, emagreci?

Andando na rua, eu me olho em cada vitrine espelhada. Só pra ter certeza que eu ainda sou eu. Só pra ver se ainda me enxergo da mesma forma.

E eu não sei se estou me encontrando ou me perdendo nesse processo.

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artangels

nina no ciberespaço

penso demais, sinto demais e não lembro o suficiente. eternamente em busca de quem eu sou, me perdendo em cada curva.

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